Constituir uma união a dois ou casamento requer, além de toda a construção sentimental, o compartilhamento e a consciência da conjugalidade. No decorrer dos anos, atrelados às rotinas do dia a dia, alguns relacionamentos tendem a enfrentar problemas pertinentes à satisfação conjugal e sexual. Através de investimento e dedicação o casal pode se adequar às demandas exigidas pela vida.

Féres-Carneiro, em 1998, apontou as relações contemporâneas como um espaço no qual coexistem e atuam, simultaneamente, forças da conjugalidade e da individualidade. Embora no relacionamento conjugal os parceiros constituam uma área de compartilhamento de emoções, experiências, expectativas e desejos, continuam a existir – e também a se modificar incessantemente –, as suas individualidades constitutivas.

Esse choque divide o caminho dos relacionamentos em duas categorias, através da insatisfação ou satisfação sexual. Muitas pessoas consideram, erradamente, o sexo como prazer momentâneo. O relacionamento sexual vai muito além de proporcionar prazer na hora da relação amorosa. É uma atividade que faz parte da natureza humana, do dia a dia do casal, do funcionamento do corpo, do mecanismo relacionado ao prazer, das atividades divertidas e relaxantes e é o meio pelo qual a espécie se reproduz. Além disso, está diretamente ligado à saúde física e emocional e ao fortalecimento da cumplicidade do casal.

Falta de sintonia

Peter N. Stearns, professor de história na Universidade George Mason, nos Estados Unidos, e autor de História da Sexualidade, recém-lançado no Brasil, compara a importância e a frequência do sexo nos casamentos de hoje e do passado da seguinte forma: “Pode-se presumir que sexo sempre foi importante para a maioria dos casais no que diz respeito ao êxito de um casamento, a procriação bem-sucedida era o critério-chave da atividade sexual, embora muitas culturas recomendavam também o prazer. No entanto, os casamentos eram usualmente baseados em critérios econômicos (propriedade e capacidade de trabalho), e não em compatibilidade sexual.”

Ou seja, as pessoas têm hoje melhor saúde e há mais ênfase no sexo: um exemplo claro são os esforços para que pessoas mais velhas possam manter a atividade sexual, com o uso de medicamentos. Mas as expectativas muitas vezes ultrapassam a realidade, então muitas pessoas se preocupam quando os índices de atividade sexual caem à medida que o casamento e a idade avançam. Essas expectativas provavelmente cresceram mais rápido do que os índices de atividade sexual.

Vida moderna

As pesquisas mais recentes apontam para o fato de que atualmente ocorre um declínio universal da frequência sexual ao longo dos anos de casamento. Esta variação está principalmente relacionada à qualidade da relação, como sua duração e idade dos cônjuges também pesam. Aspectos como: nascimento dos filhos, trabalho, pressão ou problema de origem financeira, doenças, conflitos, disfunções sexuais e falha na comunicação ao longo da vida podem interferir de maneira positiva ou negativa, o que vai depender do investimento afetivo e/ou sexual do casal e da forma como estes administram suas relações.

A dupla jornada de trabalho e instabilidade financeira exige do casal muita vontade e esforço para manter o casamento saudável. A segunda normalmente vem acompanhada com o impacto negativo, por trazer diversos problemas até os de natureza mais simples. Esta vai acatar em diminuição da qualidade do relacionamento, porém, a ajuda de familiares, amigos e profissionais podem promover o bem estar psicológico nos casais.

Isso acontece com todos os casais?

Segundo um estudo da vida sexual do brasileiro, coordenado pelo Prosex, 50% dos homens do país são assumidamente infiéis. Entre as mulheres, o patamar das que assumem ter relações extramuros fica em 26%.

A descoberta da infidelidade gera um sofrimento intenso nos cônjuges, denunciando um momento decisivo na relação conjugal. A psicoterapia pode ser uma via de acesso do casal para reparação dos males causados pela infidelidade e para reconstrução de um novo pacto embasados na convicção de um desejo de investir na relação conjugal e sexual.

Este problema não é simples e puramente o compromisso de exclusividade, mas também na forma como a fidelidade é exercida. Muitos casais se tornam “um”, ou seja, os amigos são os mesmos, as atividades são as mesmas, o lazer é compartilhado, isso satura e acaba transformando a relação numa grande amizade. Muitas vezes o marido vira o melhor amigo, o melhor pai, o melhor tudo, mas não dá tesão como companheiro. O mesmo acontece em relação às mulheres, muitos companheiros as veem com menos tesão e mais como companheiras, com o passar do relacionamento.

Como a psicologia pode ajudar? 

O grande desafio dos casais é ter companheirismo e não deixar a amizade suplantar a parceria e o interesse sexual, mas não há fórmula pronta para isso. Os casais que não se amalgamam tanto têm mais possibilidade de fazer o interesse sexual durar mais tempo. É fundamental ter em mente que a autonomia é importante para a relação, das duas partes.

Saber lidar com divergências sem brigar é o segundo fator, relacionado às competências do convívio a dois. Daí a importância de seguir uma etiqueta de casamento e convívio, que preserva o casal e estabelece a conexão com o parceiro.

As uniões saudáveis com mais de vinte anos de relacionamento conjugal se caracterizam por um comprometimento com a relação, cuidado em manter o equilíbrio entre conjugalidade e individualidade, comunicação e relacionamento afetivo/sexual.

Manter o contato e a abertura para entender as necessidades do companheiro é importantíssimo, porém, acima de tudo, não se pode cobrar o que seu parceiro não pode dar. E é aí que entra a psicologia para ajudar os casais a encontrar e entender suas frustrações e inseguranças.

Fontes:

– Relações entre Bem-Estar Subjetivo e Satisfação Conjugal na Abordagem da Psicologia Positiva. Fabio Scorsolini-Comina,b & Manoel Antônio dos Santos, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, Brasil & b Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil.

– Sinais de perigo no casamento: para casais que acreditam na força e no prazer do matrimônio. Nataniel Sabino

– Crise do sexo no casamento aflige muitos casais – Rede Psi.

– Estudo da Vida Sexual do Brasileiro – ProSex.

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