Crossdressing: os dois lados da vida

O crossdressing é a prática de usar e se portar dentro do contexto social, ou sexual, no papel oposto ao sexo biológico do indivíduo. Isso pode acontecer por várias razões, desde vivenciar uma faceta feminina, para os homens, a masculina, para as mulheres, motivos profissionais ou para obter gratificação sexual. A termologia compõe a diversidade do leque dos transgêneros e se diferencia dos outros casos por, na maioria das vezes, os praticantes não modificarem o seu corpo, através da terapia hormonal ou cirurgias.

Nos Estados Unidos, a prática do crossdressing se tornou popular a partir da década de 90, no Brasil, o termo chegou alguns anos depois. Em 1997, foi criado o site Brazilian Crossdresser Club para promover a integração social entre pessoas que tem a fantasia de usar roupas do sexo oposto.

A pesquisadora e autora do livro “Sapos e Princesas: prazer e segredo entre praticantes de crossdressing no Brasil”, Anna Paula Vencato, fez um levantamento histórico e cultural sobre à forma como se deve ou não se vestir do outro sexo, lidando com estigmas acerca da prática. A definição surgiu em cima da problemática criada sobre prática do crossdressing no país e a ligação com a termologia do desejo sexual, através dos fetiches.

Segundo a autora, “a procura pelo feminino, homens ‘vestindo-se’ de mulher, é certamente um fenômeno muito interessante, principalmente se observado sob a ótica do gênero e se pensarmos que na cultura o masculino sempre teve um valor hierárquico maior que o feminino”. E destaca que uma mulher não agride a sociedade ao vestir uma calça e andar de tênis, mas um homem utilizando roupas tidas como femininas ainda recebe estigmas.

Na obra, publicada em seu Doutorado, a pesquisadora destaca relação entre a identidade de gênero e papel social dos praticantes de crossdressing, distanciando-os dos conceitos e estereótipos entre o prazer e o sexo.  O conceito não necessariamente está ligado a orientação sexual, que define o indivíduo em três categorias: homossexual, heterossexual e bissexual. Assim, vale ressaltar que o desejo sexual pelo mesmo sexo, pelo sexo oposto, ou os dois, não tem ligação direta ao desejo em ser um crossdresser.

De uma maneira geral, os homens praticantes mencionados na pesquisa têm entre 30 e 60 anos, pertencem a camadas médias e altas do extrato social e, quando desmontados, vestem-se de forma conservadora. Há também um “jogo de espelhos”, segundo a autora, que diz respeito à forma como se deve ou não se vestir do outro sexo, lidando com estigmas acerca da prática. A rejeição ao termo “travesti” aparece frequentemente, marcada pela sua associação à prostituição, à pista e às privações.

 

Referências:

Contos de fadas da vida real: conhecendo praticantes…Anna Paula Vencato

“Os Pilares da Sexualidade Humana”, Eduardo Rolim

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