A capacidade de amar e de desfrutar da vida sexual não tem limite cronológico. Ocorre que a sociedade insiste em ditar regras de comportamento para o idoso, privando-o de pensar sua sexualidade por si mesmo. Ao estabelecer parâmetros aceitáveis, a sociedade coíbe as pessoas mais maduras à busca de relacionamentos amorosos de forma autônoma e destituída de preconceitos e estereótipos.

A idade é utilizada como critério de ordenamento social, sendo, inclusive, demarcador de direitos e deveres explicitados por políticas públicas ou de padrões de comportamento meramente legitimados pelo senso comum. O limite real da sexualidade na maturidade está no campo psicológico, no preconceito e na intolerância social.

Ashley Montagu, antropólogo e humanista inglês, destaca a importância do “tocar” em todos os aspectos do desenvolvimento humano. O antropólogo destaca a descoberta das funções imunológicas da pele e a importância do tocar para a saúde física e mental, especialmente dos idosos.

A mulher sofre mais do que o homem, as consequências da visão errônea difundida culturalmente sobre sexualidade no processo de envelhecimento. Goldenberg (2008) aponta as dificuldades de algumas mulheres em se definirem como maduras por não conseguirem ver para além das perdas associadas ao envelhecimento. Estas mulheres se sentiam fragilizadas e vitimadas com o processo de envelhecimento, a ponto de se sentirem invisíveis como mulheres.

Apesar de ser comum associar-se à maturidade a perda de feminilidade e sexualidade, é a partir dessa fase que a mulher tem a oportunidade de testar sua autoconfiança e de se permitir prazeres até então adiados.

Pessoas idosas que ignoram as mudanças normais das funções sexuais próprias do envelhecimento e que por falta de informação (ou educação conservadora), adota atitudes erradas em relação a atividade sexual na terceira idade, pode ser influenciada pelo fenômeno de ansiedade da expressão sexual.

Em particular relevância nas pessoas idosas, é o temor e a ansiedade que podem resultar em interpretações negativas das alterações na estrutura genital e na resposta sexual, próprio da idade.

O envelhecimento tende a diminuir a vitalidade, a força, a exuberância do corpo, os reflexos, mas como tudo na vida, também possui ganhos como experiência e sabedoria. A cultura preconceituosa da sociedade formada ao longo dos anos, desvalorizou o erotismo e a sexualidade na velhice, fazendo com que seja algo vergonhoso aos idosos.

Diferente do que se imagina e contradizendo a ideologia da sociedade, extrai-se da pesquisa realizada uma sexualidade viva, onde todos os entrevistados relataram estar bem a ponto de tomar iniciativa para o sexo, desde que a libido esteja aflorada, proporcionando bons momentos ao parceiro, surpreendendo e promovendo uma satisfação muito maior por ter sido procurado.

De modo geral, porém, já se faz aceita a ideia de que para ambos os sexos, as pessoas mais ativas sexualmente, são aquelas que tiveram mais parceiros sexuais e maior atividade sexual na juventude. Vários autores já apuraram que as variáveis mais importantes associadas à atividade sexual são relacionadas com o estado de saúde mental (em especial a depressão, que as desestimula), seguidas por uma atitude positiva para com as relações sexuais de uma história de relações mais frequentes durante a juventude.

Os casais em qualquer faixa etária devem investir no relacionamento, buscando melhorar a comunicação e a qualidade conjugal e sexual. Nunca é tarde para investir na qualidade de vida e na melhoria do relacionamento. Buscar um melhor esclarecimento, informações, auxílio médico e terapia de casal  ou sexual, vale em qualquer idade.

As pessoas idosas têm mais tempo para amar. São mais experientes em muitos aspectos e aprenderam muito sobre o corpo e as emoções do outro. Talvez, seja com a idade quando a personalidade alcança seus últimos estágios de desenvolvimento, e sexo e a forma de amar alcancem seu mais profundo crescimento.

A temática da vida sexual do idoso tem sido pouco abordada pelos pesquisadores. Estudo mostram que os idosos desejam manter seus relacionamentos físicos, afetivos e emocionais. Independentemente da idade ou das eventuais limitações decorrentes da terceira idade, os idosos podem ter os mesmos privilégios do exercício da sexualidade que as outras parcelas da população.

O envelhecimento é um processo natural da vida que traz benefícios e prejuízos. O ser humano evolui constantemente, as condições de vida e de desenvolvimento passam por muitas mudanças. A literatura e a sociedade mostram o envelhecimento como algo prejudicial, preocupante, como se pudesse ser evitado ou modificado.

O envelhecimento na verdade é o amadurecimento da vida, é um caminhar rumo ao desconhecido, é uma conquista de cada um. A pesquisa revelou no âmbito geral, um grupo de pessoas que não estão preocupados com o envelhecer, mas sim como viver e viver bem. Constatou-se assim, uma terceira idade viva, presente, saudável e com grande poder de ação.

O direito a uma vida amorosa e sexual na terceira idade relaciona-se a redescoberta das primeiras formas de amor do ser humano nas quais prevalecem ternura, contatos físicos, expressão corporal e uso dos sentidos.  Sexualidade é parte importante da existência humana em qualquer etapa da vida.

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Fontes:

Portaldoenvelhecimento.com “Fatores que interferem na sexualidade na terceira idade”

RODRIGUES, Patrícia Cruz. ANDRADE, Shirley Barros Conceição. FARO, Ana Cristina Mancussi. ENVELHECIMENTO, SEXUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA: revisãodeliteratura.Estudo interdisciplinar envelhecimento, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 205-220, 2008.

Sexualidade do prazer ao sofrer – Organizadoras Alessandra Diehl e Denise Leite Vieira- Capítulo 7 Sexualidade e os ciclos de vida: terceira idade – Ana PerwinFraiman.

GOLDENBERG, M.Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade. Rio de Janeiro: Record, 2008, p.221

SAVADINSKY, Regis. MARCELINO, CarlessoPatricia. A Sexualidade na Maturidade.

Maturidade E Velhice Vol.i.  Por DEUSIVANIA V. DA SILVA FALCÃO,CRISTINA MARIA DE S. BRITO DIAS

O corpo feminino na maturidade: gênero, sexualidade e envelhecimento. Marcia Regina Medeiros Veiga.

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