A organização Mundial da Saúde incorporou o desejo sexual excessivo no Código Internacional de Doenças. Isso significa que quem gosta muito de sexo e tem uma vida sexual intensa é doente? Não, esse pensamento está errado. Existe uma grande diferença entre ser compulsivo pelo sexo ou ativo.

Ter muita vontade de transar não caracteriza um transtorno. Entretanto, a partir do momento em que se torna impossível resistir a pensamentos e desejos, que precisam ser saciados no mesmo momento, não importando com quem seja, o desejo acaba se tornando uma doença.

É muito difícil estabelecer limites de normalidade do comportamento sexual de cada um, pois não existe um ideal para o número de orgasmos ou para o tempo gasto com fantasias e relações sexuais. Esse parâmetro deve vir de cada pessoa. Quando o indivíduo sentir que está passando a maior parte do seu tempo pensando em sexo, não conseguindo mais trabalhar, dormir ou se alimentar adequadamente e tendo como objetivo único a busca pelo sexo, comprometendo a vida como um todo, é hora de se preocupar.

Dependência

Cientistas dizem que apenas o vício por substâncias externas pode ser chamado de dependência. Entretanto, há opiniões diversas que afirmam ser possível viciar-se em sexo e outros comportamentos. Justamente porque o orgasmo ativa no cérebro, o mesmo circuito de prazer que as drogas e, assim como elas, libera a mesma substância neurotransmissora, a dopamina.

O uso repetido de drogas pode alterar a estrutura e a função desse circuito cerebral, que tem como consequência as características de dependência: abstinência, compulsão e recaída. Quanto ao sexo, ainda não há estudos que mostrem a capacidade dele promover esse tipo de alteração neurológica.  A pessoa simplesmente quer saciar a própria vontade gerando um sentimento de angústia e culpa. O que torna patológico é o sofrimento e o comportamento incontrolável, escravo que se impõe a qualquer outra necessidade.

E novamente, vai de cada um. Não são todas as pessoas que experimentam droga e ficam viciadas, assim como apenas uma pequena parcela da população sexualmente ativa desenrola uma compulsão pelo sexo. Segundo o psicólogo Patrick Carnes, cerca de 3% a 6% da população mundial se enquadraria nessa categoria. E a grande maioria homens, cerca de 80% e 90% dos dependentes, segundos os estudos.

O começo

De modo geral, o comportamento compulsivo começa no final da adolescência e início da vida adulta, até se agravar com o passar dos anos. E ser compulsivo em outros comportamentos como comida e compras, aumenta as chances de se tornar compulsivo pelo sexo. Bem como ter outras condições psiquiátricas, como transtorno de ansiedade ou déficit de atenção.

O vício em pornografia ou o hábito de se excitar no banheiro, podem despertar uma reação negativa. São menos danosos para os relacionamentos do que uma traição compulsiva, mas são problemáticos para quem tem dependência, justamente porque mantêm o padrão compulsivo, ou seja, a pessoa precisa parar suas atividades diárias para realizar estas. Às vezes, parar o trabalho, sair da mesa de jantar, sendo uma atividade extremamente prejudicial.

Com isso, o mundo digital acaba se tornando a “droga da compulsão sexual”. Mas não sozinho, pois a internet por si só, com a pornografia aberta a quem quiser ver, não é capaz de causar o vício.

Tratamento

A maior dificuldade é encontrar profissionais para falar do problema. Há poucos centros de atendimentos especializados e pouca gente que possa falar do tema com segurança. O melhor tratamento é a terapia sexual, que busca o controle do comportamento do indivíduo. No entanto, para esse indivíduo começar o tratamento, ele deve ter consciência e assumir que não está mais no controle de suas vontades e desejos, para que só assim, um especialista possa ajudá-lo.

Em Curitiba, há encontros em um grupo de apoio chamado D.A.S.A., Dependentes de Amor e Sexo Anônimos. As informações podem ser encontradas no site: http://www.slaa.org.br/

Recentemente cedi uma entrevista sobre o assunto ao Jornal da UFPR, que pode ser conferida na íntegra neste link: http://bit.ly/19RQSlA

Fonte: Vida Sexual, no site Minha Vida.
Coluna Letícia Sorg, site Revista Época.

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