A preocupação da grande maioria dos pais é saber a orientação sexual de seus filhos. E o que muitos não entendem é que isso não se trata de escolha. Mas sim de uma série de fatores biopsicossocioculturais. Os especialistas hoje acreditam que o indivíduo nasce com uma carga genética sobre a qual se depositam diversos fatores, emocionais, educacionais e sociais, que moldam para a bissexualidade, heterossexualidade ou homossexualidade.

Tanto que o fator que define a orientação sexual de qualquer indivíduo é a atração que este possui com outras pessoas, e não a prática em si. Tanto que fazer sexo com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto não significa, por si só, que a pessoa é homo ou heterossexual. Mas o fato de sentir-se atraída por pessoas do mesmo sexo ou de outros é indicativo de homo e heterossexualidade, respectivamente.

Por isso que a famosa frase “Orientação sexual não se inverte” é verdadeira. Pois vem de dentro de cada um, assim como um gosto para uma comida, uma vocação para uma profissão, uma cor de cabelo. E possíveis tentativas feitas para “corrigir” essa homossexualidade através de psicoterapias, técnicas de comportamento e convencimento podem resultar em problemas sérios para a pessoa, como depressões profundas e surtos psicóticos graves.

Trejeitos

Há quem diga que através dos trejeitos de crianças é possível descobrir a orientação sexual do indivíduo. Entretanto, não é bem assim. Um trejeito é um comportamento diferenciado daquele adotado pela maioria do seu gênero. Em crianças de 5 ou 6 anos, pode ser normal possuir esse comportamento, por uma dificuldade de identificação com o gênero a que ela pertence, devido à ausência dessa figura ou de modelos claros na família. Mas isso não significa homossexualidade.

Explico: Quando o pai é muito “machão”, esse excesso de virilidade pode inibir o filho de manifestar a sua masculidade. Talvez por não se sentir tão poderoso como o pai, acaba tendo um comportamento diferente do que é esperado do ser masculino.

Assim como as meninas. Por exemplo, se a mãe é muito bonita, a filha pode sentir que não sobra espaço para ela como figura feminina. Aí, para não contrariar a expectativa materna ou mesmo paterna, a garota passa a querer ser diferente. Porém, é importante lembrar que isso não é regra. Cada indivíduo recebe uma informação de forma diferente dependendo da maneira como entende o mundo, a partir de fatores externos e internos, que podem ser genéticos, ou não.

Antes de formar qualquer conclusão é importante não se precipitar. O mais adequado é acompanhar o desenvolvimento das crianças, aguardar que elas entrem na escola, por exemplo, para criar um novo contato com os amiguinhos, professores e pais de colegas que ofereçam modelos de identificação para as crianças diferentes do que elas possuem dentro de casa, fazendo com que talvez a questão se resolva por aí.

Adolescência

É nesse período da vida que os pais tendem a levar seus filhos para consultórios de especialistas por conta de “dúvidas” sobre a sexualidade dos filhos. O pensamento é mais ou menos assim: meu filho tem 16, 17 anos e ainda não iniciou sua vida sexual. Antes que comece a fazer bobagens vou levá-lo ao médico.

Geralmente se descobre que esse jovem tem um relacionamento, mas não tem abertura dentro de casa para revelar. Tanto se for um relacionamento homossexual como um heterossexual. Na maioria das vezes, é caso de um relacionamento com pessoas do mesmo sexo. E aí, o caminho é trabalhar a família, para que ela possa entender o que se passa.

A orientação sexual pode não estar totalmente definida com essa idade. Muitos jovens iniciam a vida sexual na experimentação, por medo, insegurança ou inabilidade, com relacionamentos homossexuais, e depois percebem que era apenas uma fase e mudam de comportamento. Outras vezes a ação é inversa: Começam com relacionamentos heterossexuais e já com certa idade, 25, 30 anos, se descobrem como homossexuais. O mesmo acontece com as meninas.

Os pais e as mães não devem se sentir culpados. Primeiro, por não se tratar de uma opção. Segundo que a influência familiar é apenas uma parcela da situação, que é muito mais ampla, envolvendo inclusive carga genética. E terceiro que homossexualidade não é problema e nem doença, é uma orientação sexual. Os filhos não deixaram de serem filhos por conta disso.

De doença para atividade

A partir de 1960, nos Estados Unidos, começaram os primeiros passos que serviram de base para a visão atual da medicina. Em 1980, a Associação Psiquiátrica Americana, após estudar o assunto a fundo, retirou o homossexualismo da lista de transtornos de preferência sexual. O sufixo ismo, que significa doenças, deu lugar ao ade, indicando atividade, comportamento.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1992, embasada em inúmeros estudos alegou: homossexualidade não é doença. Logo, é incorreto o termo homossexualismo; o certo é homossexualidade.

Assim como o conceito de sexo natural, que antes de 1992, era dito como sexo com adulto, vivo e do gênero oposto, virou aquele praticado com um ser humano adulto, vivo e com a finalidade de prazer e/ou a reprodução. A homossexualidade é hoje considerada uma forma natural de expressão da orientação sexual, assim como a hétero e a bissexualidade.

Fonte: Blog Carmita Abdo, “Orientação sexual não se inverte”.

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